segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Bicho de Sete Cabeças e até mais......

Como tento escrever um pouco de tudo que se passa pela minha cabeça.... até por que tudo é muito coisa, quero explanar minha angústia.... Não sei como fazer isso .... mas para que outras pessoas entendam o que quero mostrar sugiro que assistam o filme "O bicho de 7 cabeças".
Depois de assistirem ent
enderão...
Me revolto com injustiças que vejo e acredito que a maioria também se revolta.... sou muito emotiva em relação à filmes como a maioria tenho certeza que é... me pergunto, o que fazemos com os sentimos que afloram em nós diante de um situação? Talvez tentamos simplesmente ameniza-los... mas como? Por que não estamos acostumados a lutar por aquilo que acreditamos ser certo? As vezes acho que a maioria da população é muito passiva à tudo que acontece.... e me incluo... Por isso parece que as injustiças sempre vão acontecer.... Parece que vamos nos revoltar, nos indignar, mas logo esquecemos pois outras e outras e outras injustiças vão aparecendo pela frente.... Somos acomodados.... em nossa maioria pelo menos...
Mas e aí????
Não quero mais ser dessa maneira que percebo que sou... De repente se eu começar a promover minha mudança vou conseguir promover a mudança de pensamento de outras pessoas tb....

Vou começar ajudando a divulgar uma denúncia de nossa sociedade... Uma de
núncia de como pré-julgamentos podem afetar para sempre a vida de um pessoa...
O filme O Bicho de 7 cabeças é baseado no livro "O Canto dos Malditos" de Austregésilo Carrano Bueno. É um livro autobiográfico que foi censurado por algum tempo. Essa censura mostra o poder que a instituiçao médica exerce em nossa sociedade.



Vou fazer um copia e cola básico aqui sobre a sinopse do livro que achei na site a editora Rocco.



SINOPSE DO LIVRO:

Dois anos e meio depois de ter sido recolhido de todas as livrarias do país por ordem judicial, Canto dos malditos finalmente volta às prateleiras. O livro de Austregésilo Carrano Bueno é um precioso documento sobre os abusos cometidos em hospitais psiquiátricos brasileiros e serviu de base para o premiadíssimo Bicho de sete cabeças, da cineasta Laís Bodanzsky. A nova edição conta ainda com um posfácio inédito, que dá ainda mais profundidade e atualidade à obra.

Canto dos malditos é um texto autobiográfico em que o paranaense Austregésilo Carrano Bueno narra sua via-crúcis pelos hospícios de Curitiba e do Rio de Janeiro. Aos 17 anos, em 1974, ele era um jovem rebelde, habituado a fumar maconha e a se drogar com medicamentos de uso restrito, embora não pudesse ser considerado um viciado. Certo dia, o pai de Austry, como ele era chamado, encontrou uma trouxinha da erva alucinógena em sua jaqueta. Sem nem ao menos conversar a respeito do assunto com o filho, ele o internou à força num hospital psiquiátrico de sua cidade, Curitiba, para desintoxicação. Foi quando começou o horror do autor.

Ao longo de um ano de internação, Austry foi submetido a dezenas de sessões de eletrochoque, além de ser obrigado a ingerir cerca de 15 comprimidos diários. Ele, que então se preparava para o vestibular, passou a viver cercado de enfermeiros sádicos, psicopatas ameaçadores e loucos que defecavam e urinavam por toda parte. No fim do "tratamento", o jovem rebelde e cheio de vida havia se transformado num ser abobalhado, sem vontade própria, incapaz de se concentrar em qualquer atividade ou mesmo de abotoar uma camisa, com o organismo repleto de substâncias químicas cujos nomes ele jamais saberá. E tudo isso foi feito sem que médico algum o examinasse ou lhe dirigisse a palavra, nem mesmo no ato da internação.

Quando saiu da clínica, Austry já não tinha condições de conviver com as pessoas ditas normais. Desajustado pelos eletrochoques, pela sedação pesada e torturas variadas, ele acabou sofrendo também nas mãos da polícia, que lhe proporcionou doses extras de humilhação e espancamento. O próprio Austry pediu para voltar ao sanatório – ele agora preferia conviver com os loucos, pois haviam-no transformado num deles. Até os 20 anos, ele foi internado em várias instituições psiquiátricas, sempre tendo todos os seus direitos desrespeitados. Austry passou dias e dias amarrado à cama ou trancafiado em cubículos escuros e imundos, semelhantes às solitárias das penitenciárias. Ele recebia injeções diárias, aplicadas sem o menor cuidado, o que lhe rendeu feridas, inchaços e infecções. Por vezes, quando implorava por um sedativo que lhe amenizasse as dores insuportáveis, tudo o que ele obtinha era uma nova surra, aplicada por profissionais de saúde irresponsáveis e criminosos.

Em julho de 2001, superados todos esses horrores – mas com traumas e seqüelas irremediáveis – Austregésilo Carrano Bueno publicou Canto dos malditos, em que relata todos os horrores por que passou. Antes disso, em 2000, seus manuscritos já haviam dado origem ao filme Bicho de sete cabeças, que conquistou 57 prêmios, oito deles fora do Brasil. Entretanto, em abril de 2002, o livro foi cassado e proibido de ser comercializado e divulgado devido a uma ação judicial movida pela família de um dos médicos citados no texto. Sob a alegação de calúnia e injúria, a biografia saiu de circulação.

Agora, adotado em 12 universidades, colaborando para a formação de profissionais de medicina, psicologia, sociologia e direito, Canto dos malditos finalmente pôde voltar às livrarias e bibliotecas, acrescido de um posfácio em que o autor conta detalhes do processo de cassação, explica como o filme de Laís Bodanzsky colaborou para a aprovação da Lei Federal de Reforma Psiquiátrica, defende a tese de que a omissão da sociedade e o regime militar foram os maiores responsáveis pelo que lhe aconteceu e apresenta o Movimento da Luta Antimanicomial, do qual faz parte. A nova edição também omite, por precaução, os nomes verdadeiros das pessoas citadas, embora a obra tenha sido liberada pela Justiça em sua versão original e completa.

Não achei esse livro para vender em nenhuma livraria, nem na editora... então vale procurar em sebos.... não tive ainda a oportunidade de ler esse livro mas já está em minha listinha....

Tá aí a dica!!!! :)


Alienando...



Li essa semana um livro muito bom do Machado de Assis... O Alienista... É um conto que tem como tema a loucura. "A grandeza do conto está na extrema capacidade do autor em adequar ao seu estilo as circunstâncias humanas que o compõem".... tirei essa frase da parte de trás do livro e é verdadeira. Machado de Assis consegue expôr um momento histórico dentro da saúde mental que realmente aconteceu... claro... com seus personagens fictícios... que quase acreditei que foram reais.... haha...

É um conto que me remete a uma frase do Caetano Veloso: "De perto ninguém é normal"....
Pois é.... e
o que é normal??? É a pergunta que Machado de Assis tenta calar de forma discreta e maravilhosa nesse conto.... muito inteligente por sinal... Não vou dizer que é o melhor conto de Machado pois não li muito de sua biografia mas por enquanto, um dos meus prediletos!


Fica a dica!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

UM SORRISO...







NÃO EXISTE NADA DE ENGRAÇADO EM UM REMÉDIO.... MAS EXISTE MUITO REMÉDIO EM UM COISA ENGRAÇADA.....

Sábias palavras de um colega de faculdade referindo-se ao trabalho dos Médicos do Sorriso.....
Fantásticos por sinal.....
Promovem a humanização dos hospitais sempre com perfomances alegres e divertidas..... mostram paixão pelo que fazem em seus atos de bondade ...
Hj participei de uma palestra dos Médicos do Sorriso..... bem não foi bem um palestra.... mas uma apresentação do trabalho deles com um bate-papo depois....que bom que existem pessoas assim nos dias de hj.... quer dizer.... que bom que existem palhaços assim nos dias de hj... por que ... qd eu era pequena... morria de medo deles....
Enfim.... pra quem curte um trabalho levado a sério .... mas com um boa dose de gargalhada.... é só ficar doente e ficar no hospital da Unimed de Caxias do Sul! uahuahuah

Um exemplo dessa intervenção de alegria que ocorre pelos corredores e quartos do hospital é o filme Patch Adams.... e quem disse que no Brasil não poderia ter algo parecido????

Parabéns pelo trabalho!!!! E se algum dia eu precisar de cuidados médicos em um hospital (espero que não precise) que seja com médicos e palhaços como eles!!!!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CONTO DE FADAS??? NÃO EXISTE!!!!!!!!!!!!

Sim.... já acreditei nesses contos que a gente vê em filmes de desenho animado.... e já acreditei em pessoas perfeitas como o principe encantado e a princesinha....
A maioria das vezes vemos as pessoas como as imaginamos e não como elas realmente são... quem já não se decepcionou com alguém que achou ser o principe encantado ou ainda julgou várias pessoas pelo que imaginou que elas seriam???? Comigo e nem com ninguem é diferente.... e quando encaramos a realidade.... muitas vezes dói.....não existem pessoas perfeitas... como podemos achar que existem??? Nós não somos....
Temos que aprender e reconhecer as virtudes e os defeitos e a conviver com algu
ém como essa pessoa realmente é.... afinal.... também queremos que alguém nós aceite como somos.... não é???? E quando isso é reciproco existe o respeito.... Sinceramente acho que é o respeito e essa compreensão que fazem com que a vida amorosa de duas pessoas se torne duradoura.... Tenho como grande exemplo os meus avos. Já devem fazer uns quatro anos que eles comemoraram suas bodas de ouro e nunca vi um casal tão feliz em comemorar 50 anos juntos.... pensa bem..... 50 anos com a mesma pessoa!!!! e ainda estar feliz com isso!!!!! Com minha certeza acredito que essa felicidade não vem só do amor que eles sentem um pelo outro... essa felicidade também nasce do respeito e da compreensão recíproca....


Li um texto do Contardo Calligaris.... que fala um pouco sobre isso....
Ele escreve textos maravilhosos que me fazem refletir bastante...

O segredo da vida de um casal...
Contardo Calligaris

Receita do amor que dura: amar o outro não apesar de sua diferença, mas por ele ser diferente.

Em geral , na literatura, no cinema e nas nossa fantasias, as histórias de amor acabam quando os amantes se juntam (é o modelo Cinderela) ou, então, quando a união esbarra num obstáculo intransponível (é o modelo Romeu e Julieta). No modelo Cinderela, o narrador nos deixa sonhando com um “viveram felizes para sempre”, que seria a “óbvia” conseqüência da paixão. No modelo Romeu e Julieta, a felicidade que os amantes teriam conhecido, se tivessem podido se juntar, é uma hipótese indiscutível. O destino adverso que separou os amantes (ou os juntou na morte) perderia seu valor trágico se perguntássemos: será que Romeu e Julieta continuariam se amando com afinco se, um dia, conseguissem deitar-se juntos sem que Romeu tivesse que escalar a casa de Julieta até o famoso balcão? Ou se, em vez de enfrentar a oposição letal de suas ascendências, eles passassem os domingos em espantosos churrascos de família?

Talvez as histórias de amor que acabam mal nos fascinem porque, nelas, a dificuldade do amor se apresenta disfarçada. A luta trágica contra o mundo que se opõe à felicidade dos amantes pode ser uma metáfora gloriosa da dificuldade, tragicômica e inglória, da vida conjugal. O casal que dura no tempo, em regra, não é tema para uma história de amor, mas para farsa ou vaudeville -às vezes, para conto de terror, à la “Dormindo com o Inimigo”.

Durante décadas, Calvin Trillin escreveu uma narrativa de sua vida de casal, na revista “New Yorker” e em alguns livros (por exemplo, “Travels with Alice”, viajando com Alice, de 1989, e “Alice, Let’s Eat”, Alice, vamos para a mesa, de 1978). Nesses escritos, que são só uma parte de sua produção, Trillin compunha com sua mulher, Alice, uma dobradinha humorística, em que Calvin era o avoado, o feio e o desajeitado, e Alice encarnava, ao mesmo tempo, a beleza, a graça e a sabedoria concreta de vida.

À primeira vista, isso confirma a regra: a vida de casal é um tema cômico. Mas as crônicas de Trillin eram delicadas e tocantes: engraçadas, mas nunca grotescas. Trillin não zombava da dificuldade da vida de casal: ele nos divertia celebrando a alegria do casamento. Qual era seu segredo? Pois bem, Alice, com quem Trillin se casou em 1965, morreu em 2001.

Trillin escreveu “Sobre Alice”, que acaba de ser publicado pela Globo. Esse pequeno e tocante texto de despedida desvenda o segredo de um amor e de uma convivência felizes, que duraram 35 anos. O segredo é o seguinte: Calvin e Alice, as personagens das crônicas, não eram artifícios literários, eram os próprios. A oposição entre os dois foi, efetivamente, o jeito especial que eles inventaram para conviver e prolongar o amor na convivência.

Considere esta citação de um texto anterior, que aparece no começo de “Sobre Alice”: “Minha mulher, Alice, tem a estranha propensão de limitar nossa família a três refeições por dia”. A graça está no fato de que a “propensão” de Alice não é extravagante, mas é contemplada por Calvin como se fosse um hábito exótico.

Alice é situada e mantida numa alteridade rigorosa, em que é impossível distinguir qualidades e defeitos: Calvin a ama e admira como a gente contempla, fascinado, uma espécie desconhecida num documentário do Discovery Channel. Se amo e admiro o outro por ele ser diferente de mim (e não apesar de ele ser diferente de mim), não posso considerar que minha maneira de ser seja a única certa. Se Calvin acha extraordinário que Alice acredite na virtude de três refeições diárias, ele pode continuar petiscando o dia todo, mas seu hábito lhe parecerá, no fundo, tão estranho quanto o de Alice.

Com isso, Calvin e Alice transformaram sua vida de casal numa aventura fascinante: a aventura de sempre descobrir o outro, cuja diferença inesperada nos dá, de brinde, a certeza de que nossa obstinada maneira de ser, nossos jeitos e nossa neurose não precisam ser uma norma universal, nem mesmo a norma do casal. Há quem diga que o parceiro ideal é aquele que nos faz rir. Trillin completou a fórmula: Alice era quem conseguia fazê-lo rir dele mesmo. Com isso, ele descobriu a receita do amor que dura.


Bom... mais uma receita que vai para o meu caderninho......
té mais!

YOU COULD BE MY FLAMINGO.........




















Em mais um tarde que eu trabalhava, ouvia música e acabava pensando nas viajens mais loucas que se pode imaginar me fiz uma pergunta.... Por que as meninas rosa e os
meninos azuis????
Pode até ser uma pergunta besta... mas por quê????
Bom... pra chegar a essa pergunta eu estava ouvindo a música pink do Aerosmith que tá no Brasil fazendo shows.... (e depois não dizem que tudo na vida é relacionado a música!!! hahaha) Bem... lá no auge da música me veio esse questionamento... pesquisei...
e será que alguém poderia me dar uma resposta menos ofensiva!!!!

Como é triste a nossa histó
ria né mulheres!!!! Claro, tirei a resposta da internet.. por isso a esperança de que seja uma farsa!!!! hahaha
Ai vai:
Antigamente acreditava-se que espíritos do mau grudavam nos recém-nascidos e azul era a cor mais poderosa para afastá-los, visto ser a cor do céu. Os homens eram tidos como mais valiosos, por isto foi adotado azul. Como as meninas ficaram sem cor, uma lenda européia, dizia que as meninas nasciam dentro de rosas cor-de-rosa, por isto ficou esta cor para as meninas.


Tá loko né!!!!!
Quanto mais se fuça na historia... mais mrd aparece!!!! Bom.. voltando ao Aerosmith.... queria ir ver... mesmo.... mas prefiro guardar dinheiro pra ver green day... sabe como é que é.... universitário ta sempre quebrado.... e não sou um excessão!!!! hahaha ra finalizar nada melhor que um musica.....


Pink it´s my new obsession
Pink it´s not even a question
Pink on the lips of your lover, ´cause
Pink is the love you discover

Pink as the bing on your cherry
Pink ´cause you are so very
Pink it´s the color of passion
`Cause today it just goes with the fashion

Pink it was love at first sight, yea
Pink when I turn out the light, and
Pink gets me high as a kite
And I think everything is going to be all right
No matter what we do tonight

You could be my flamingo
´Coz pink is the new kinda lingo
Pink like a deco umbrella
It´s kink - but you don´t ever tell her

Pink it was love at first sight
Pink when I turn out the light
Pink gets me high as a kite
And I think everything is going to be all right
No matter what we do tonight

I want to be your lover
I wanna wrap you in rubber
As pink as the sheets that we lay on
Pink is my favorite crayon, yeah

Pink it was love at first sight Pink when I turn out the light Pink it´s like red but not quite And I think everything is going to be all right No matter what we do tonight.........

Bom.. como boa menina gosto de pink então.... fatos históricos a parte... já que não dá pra mudar...fica respondida uma pergunta!
té mais!!!





quarta-feira, 26 de maio de 2010

O TEMPO E A FALTA DELE.... OU NÃO....

Pois é....
Fazia tempo que eu queria fazer um blog pra mim e depois que fiz.... faltou tempo..... que coisa não??????
E o que se pode dizer sobre o tempo?????...... Dei uma rápida pesquisada e para não perder muito do meu tempo .... que está bem escasso ultimamente.... vou colocar um link com umas explicações ai embaixo..

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo

pronto!!!! facilitou minha vida essa história de postar link heinnnn.... hehe Me lembrei de um dica bem interessante!!! Tem um filme que gosto muito, de um ator que adoro!!!! Feitiço do tempo de 1993. É muito bom.... Segue ai a sinopse copiada de algum site sobre cinema: "Um repórter que cobre o clima (Bill Murray) é enviado para uma pequena cidade para cobrir uma festa local. Isso acontece há anos, e ele não esconde sua frustração com tal serviço. Mas algo mágico acontece: os dias estão se repetindo, sempre que ele acorda no hotel é o mesmo dia da festa. Agora somente mudando seu caráter é que ele terá chance de seguir em frente na vida. Antes disso, claro, ele aproveita a situação a seu favor, mas logo descobre o amor com sua colega de trabalho, para quem sempre foi mal humorado. " É legal ver as mudanças de valores que acontecem com o personagem, ruim é a frustrações que acabei sentindo diante da ficção.... Sim!!! Ele teve uma oportunidade de mudar em um curto espaço de tempo.... Nós meros mortais da vida real não temos essa oportunidade e quando percebemos, o tempo passou....
Vale a dica... enquanto isso vou metamorfizar meu tempo e postar mais logo logo.... té mais.....

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ilha das Flores...

Nada melhor do que começar com o texto de um documentário que eu achei fantástico!!!! Muitos não gostaram pelo fato de logo no início ter a frase DEUS NÃO EXISTE..... Opiniões a parte.... aí vai o texto do documentário Ilha das Flores de Jorge Furtado...boa leitura.....

"Estamos em Belém Novo, município de Porto Alegre, Estado do Rio
Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, mais precisamente na
latidude 30 graus, 2 minutos e 15 segundos Sul e longitude 51
graus, 13 minutos e 13 segundos Oeste. Caminhamos neste momento
numa plantação de tomates e podemos ver a frente, em pé, um ser
humano, no caso, um japonês.

Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato
dos olhos, por seus cabelos lisos e por seus nomes
característicos. O japonês em questão chama-se Toshiro.

Os seres humanos são animais mamíferos, bípedes, que se
distinguem dos outros mamíferos, como a baleia, ou bípedes, como
a galinha principalmente por duas características: o telencéfalo
altamente desenvolvido e o polegar opositor. O telencéfalo
altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar
informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las. O polegar
opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos
o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão.

O telencéfalo altamente desenvolvido somado a capacidade de fazer
o movimento de pinça com os dedos deu ao ser humano a
possibilidade de realizar um sem número de melhoramentos em seu
planeta, entre eles, plantar tomates.

O tomate, ao contrário da baleia, da galinha, dos japoneses e dos
demais seres humanos, é um vegetal. Fruto do tomateiro, o tomate
passou a ser cultivado pelas suas qualidades alimentícias a
partir de 1800. O planeta Terra produz cerca de 28 bilhões de
toneladas de tomates por ano.

O senhor Toshiro, apesar de trabalhar cerca de 12 horas por dia,
é responsável por uma parte muito pequena desta produção. A
utilidade principal do tomate é a alimentação dos seres humanos.
O senhor Toshiro é um japonês e, portanto, um ser humano. No
entanto, o senhor Toshiro não planta os tomates com o intuito de
comê-los. Quase todos os tomates produzidos pelo senhor Thoshiro
são entregues a um supermercado em troca de dinheiro.

O dinheiro foi criado provavelmente por iniciativa de Giges, rei
da Lídia, grande reino da Asia Menor, no século VII Antes de
Cristo. Cristo era um judeu.

Os judeus possuem o telencéfalo altamente desenvolvido e o
polegar opositor. São, portanto, seres humanos.

Até a criação do dinheiro, o sistema econômico vigente era o de
troca direta. A dificuldade de se avaliar a quantidade de tomates
equivalentes a uma galinha e os problemas de uma troca direta de
galinhas por baleias foram os motivadores principais da criação
do dinheiro. A partir do século III A.C. qualquer ação ou objeto
produzido pelos seres humanos, frutos da conjugação de esforços
do telencéfalo altamente desenvolvido com o polegar opositor,
assim como todas as coisas vivas ou não vivas sobre e sob a
terra, tomates, galinhas e baleias, podem ser trocadas por
dinheiro.

Para facilitar a troca de tomates por dinheiro, os seres humanos
criaram os supermercados.

Dona Anete é um bípede, mamífero, possui o telencéfalo altamente
desenvolvido e o polegar opositor. é, portanto, um ser humano.
Não sabemos se ela é judia, mas temos quase certeza que ela não é
japonesa. Ela veio a este supermercado para, entre outras coisas,
trocar seu dinheiro por tomates. Dona Anete obteve seu dinheiro
em troca do trabalho que realiza. Ela utiliza seu telencéfalo
altamente desenvolvido e seu polegar opositor para trocar
perfumes por dinheiro.

Perfumes são líquidos normalmente extraídos das flores que dão
aos seres humanos um cheiro mais agradável que o natural. Dona
Anete não extrai o perfume das flores. Ela troca, com uma
fábrica, uma quantidade determinada de dinheiro por perfumes.
Feito isso, dona Anete caminha de casa em casa trocando os
perfumes por uma quantidade um pouco maior de dinheiro. A
diferença entre estas duas quantidades chama-se lucro. O lucro de
Dona Anete é pequeno se comparado ao lucro da fábrica, mas é o
suficiente para ser trocado por 1 k de tomate e 2 k de carne, no
caso, de porco.

O porco é um mamífero, como os seres humanos e as baleias, porém
quadrúpede. Serve de alimento aos japoneses e aos demais seres
humanos, com exceção dos judeus.

Os alimentos que Dona Anete trocou pelo dinheiro que trocou por
perfumes extraídos das flores, serão totalmente consumidos por
sua família num período de sete dias. Um dia é o intervalo de
tempo que o planeta terra leva para girar completamente sobre o
seu próprio eixo. Meio dia é a hora do almoço. A família é a
comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço
matrimonial, e pelos filhos nascidos deste casamento.

Alguns tomates que o senhor Toshiro trocou por dinheiro com o
supermercado e que foram trocados novamente pelo dinheiro que
dona Anete obteve como lucro na troca dos perfumes extraídos das
flores foram transformados em molho para a carne de porco. Um
destes tomates, que segundo o julgamento altamente subjetivo de
dona Anete, não tinha condições de virar molho, foi colocado no
lixo.

Lixo é tudo aquilo que é produzido pelos seres humanos, numa
conjugação de esforços do telencéfalo altamente desenvolvido com
o polegar opositor, e que, segundo o julgamento de um determinado
ser humano, num momento determinado, não tem condições de virar
molho. Uma cidade como Porto Alegre, habitada por mais de um
milhão de seres humanos, produz cerca de 500 toneladas de lixo
por dia.

O lixo atrai todos os tipos de germes e bactérias que, por sua
vez, causam doenças. As doenças prejudicam seriamente o bom
funcionamento dos seres humanos. Além disso, o lixo tem aspecto e
aroma extremamente desagradáveis. Por tudo isso, ele é levado na
sua totalidade para um único lugar, bem longe, onde possa,
livremente, sujar, cheirar mal e atrair doenças.

O lixo é levado para estes lugares por caminhões. Os caminhões
são veículos de carga providos de rodas. Quando da realização
deste documentário, em 1989, os caminhões eram dirigidos por
seres humanos.

Em Porto Alegre, um dos lugares escolhido para que o lixo cheire
mal e atraia doenças foi a Ilha das Flores.

Ilha é uma porção de terra cercada de água por todos os lados. A
água é uma substância inodora, insípida e incolor formada,
teoricamente, por duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de
oxigênio. Flores são os órgãos de reprodução das plantas,
geralmente odoríferas e de cores vivas. De flores odoríferas são
extraídos perfumes, como os que do Anete trocou pelo dinheiro que
trocou por tomates.

Há poucas flores na Ilha das Flores. Há, no entanto, muito lixo
e, no meio dele, o tomate que dona Anete julgou inadequado para o
molho da carne de porco. Há também muitos porcos na ilha.

O tomate que dona Anete julgou inadequado para o porco que iria
servir de alimento para sua família pode vir a ser um excelente
alimento para o porco e sua família, no julgamento do porco. Cabe
lembrar que dona Anete tem o telencéfalo altamente desenvolvido
enquanto o porco não tem nem mesmo um polegar, que dirá opositor.

O porco tem, no entanto, um dono. O dono do porco é um ser
humano, com telencéfalo altamente desenvolvido, polegar opositor
e dinheiro. O dono do porco trocou uma pequena parte do seu
dinheiro por um terreno na Ilha das Flores, tornando-se assim,
dono do terreno. Terreno é uma porção de terra que tem um dono e
uma cerca. Este terreno, onde o lixo é depositado, foi cercado
para que os porcos não pudessem sair e para que outros seres
humanos não pudessem entrar, o que faria do dono do porco um
ex-dono de porco.

Os empregados do dono do porco separam no lixo aquilo que é de
origem orgânica daquilo que não é de origem orgânica. De origem
orgânica é tudo aquilo que um dia esteve vivo, na forma animal ou
vegetal. Tomates, galinhas, porcos, flores e papel são de origem
orgânica.

O papel é um material produzido a partir da celulose. São
necessários 300 quilos de madeira para produzir 60 quilos de
celulose. A madeira é o material do qual são compostas as
árvores. As árvores são seres vivos. O papel é industrializado
principalmente na forma de folhas, que servem para escrever ou
embrulhar. Este papel, por exemplo, foi utilizado para elaboração
de uma prova de História da Escola de Segundo Grau Nossa Senhora
das Dores e aplicado à aluna Ana Luiza Nunes, um ser humano.

Uma prova de História é um teste da capacidade do telencéfalo de
um ser humano de recordar dados referentes ao estudo da História,
por exemplo: quem foi Mem de Sá? Quais eram as capitanias
hereditárias? A História é a narração metódica dos fatos
ocorridos na vida dos seres humanos. Recordar é viver.

Os materiais de origem orgânica, como os tomates e as provas de
história, são dados aos porcos como alimento. Durante este
processo, algumas mulheres e crianças esperam no lado de fora da
cerca na Ilha das Flores. Aquilo que os porcos julgarem
inadequados para a sua alimentação, será utilizado na alimentação
destas mulheres e crianças.

Estas mulheres e crianças são seres humanos, com telencéfalo
altamente desenvolvido, polegar opositor e nenhum dinheiro. Elas
não têm dono e, o que é pior, são muitas. Por serem muitas, elas
são organizadas pelos empregados do dono do porco em grupos de
dez e têm a permissão de passar para o lado de dentro da cerca.
Do lado de dentro da cerca elas podem pegar para si todos os
alimentos que os empregados do dono do porco julgaram inadequados
para o porco.

Os empregados do dono do porco estipularam que cada grupo de dez
seres humanos tem cinco minutos para permanecer do lado de dentro
da cerca recolhendo materiais de origem orgânica, como restos de
galinha, tomates e provas de história. Cinco minutos são 300
segundos. Desde 1958, o segundo foi definido como sendo o
equivalente 9 bilhões, 192 milhões, 631 mil 770 mais ou menos 20
ciclos de radiação de um átomo de césio quando não perturbado por
campos exteriores. O césio é um material não orgânico encontrado
no lixo em Goiânia.

O procedimento dos seres humanos que recolhem materiais orgânicos
no lado de dentro da cerca da Ilha das Flores é semelhante apenas
em objetivo ao procedimento de Dona Anete no supermercado. No
supermercado Dona Anete troca o dinheiro que trocou por perfumes
extraídos das flores pelo material orgânico; na Ilha das Flores
os seres humanos não têm dinheiro algum; no supermercado dona
Anete tem o tempo que julgar necessário para apanhar materiais
orgânicos mas não há provas de história disponíveis.

(A partir deste momento a câmera se fixa exclusivamente nas
mulheres e crianças no meio do lixo)

O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores numa posição
posterior aos porcos na prioridade de escolha de materiais
orgânicos é o fato de não terem dinheiro nem dono. Os humanos se
diferenciam dos outros animais pelo telencéfalo altamente
desenvolvido, pelo polegar opositor e por serem livres. Livre é o
estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o
sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém
que não entenda.

FIM"

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(c) Jorge Furtado